Steven Moffat revela porque John Hurt substituiu Christopher Eccleston no Especial de 50 anos

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Há dois anos, em 23 de Novembro de 2013, O Especial de 50 anos de doctor Who, The Day Of the Doctor, foi ao ar na BBC 1. Foi transmitido simultaneamente em 94 países e estava na programação de 1.500 cinemas ao redor do mundo – um espetacular sucesso para o sci-fi de maior duração da TV. Tiveram documentários em quase todos os canais da BBC e uma enorme convenção de três dias. Ainda assim, muitos fãs ficaram desapontados quando Christopher Eccleston negou retornar para o episódio como o 9º Doctor. Agora, pela primeira vez, Steven Moffat dá detalhes sobre o que estava acontecendo nos bastidores.

Radio Times: Vamos falar sobre o Aniversário de 50 anos – uma vez, você me contou que 2013 foi um pesadelo para você.

Steven Moffat: Sim, ninguém realmente reparou no tanto de trabalho que fizemos na televisão durante esse tempo. Houve duas semanas de episódios de Doctor Who todas as noites, foi como uma pequena minissérie naquele novembro. Alguns estavam dizendo, “Onde estão todos os episódios extras?”. Ali! Conte os minutos.

RT: Qual era seu plano original para o Especial de Aniversário?

SM: Eu não sabia o que iriamos fazer com os 50 anos. Eu escrevi The Name Of the Doctor [season finale da sétima temporada], que já construiu uma parte da história do Doctor indo em direção à sua própria linha do tempo para resgatar Clara. Não tive ideia do que ele encontraria lá. Eu só soube que, o que fosse que ele encontrasse, seria o lançamento do Especial.

A primeira versão era David Tennant, Matt Smith e Chris Eccleston juntos, com qualquer envolvimento que poderíamos cruzar entre outros Doctors, mas – sendo brutal – teriam que ser Doctors que ainda se pareciam com seus Doctors. Eu sei que sou um idiota, mas acho que Peter Davison, Colin Baker e Sylvester McCoy eram mais dispostos em The Five-ish Doctors [uma paródia] do que poderiam ser em qualquer outro lugar.

Mas eu sabia que Chris quase que certamente diria não. Eu o encontrei duas vezes e ele foi absolutamente amável. Ele se encontrou comigo porque ele não queria dizer não pelo seu agente ou por uma ligação ou por um e-mail. Ele quis fazer isso pessoalmente. Eu contei um pouco para ele.

Então eu comecei uma versão diferente, mas eu tinha um ponto de que eu não iria em frente se não fosse Chris. Eu o encontrei outra vez e ele decidiu que não. Suas razões eram seus negócios e ele é um homem muito privado. Mas é razoável dizer que ele realmente liga para Doctor Who. Mas ele está bem atualizado sobre o que aconteceu desde que ele saiu, e conversou gentilmente sobre Amy Pond.

RT: Como foi o negócio com John Hurt participando disso no último minuto?

SM: Nós tivemos que trabalhar com o que mais poderíamos fazer. Naquele momento, nem David e nem Matt estavam no contrato ainda. Eu tinha Jenna Coleman. E eu vim com o enredo de que seria apenas a Jenna. Foi um pesadelo. Estávamos a poucas semanas para gravar. Um time de produção estava montado, pessoas estavam fazendo um esboço sequencial e eu nem mesmo sabia se alguém que tinha interpretado o Doctor faria isso.

Enquanto isso, a internet inteira estava encontrando meu e-mail e me mandando as mais horríveis ameaças de morte. Porque eu não traria William Hartnell de volta! E eu pensava, “Bem: ele não tem atendido o telefone. Eu não sei por quê…”. Mas esqueça ele – Eu não tinha certeza se David e Matt fariam também. Eu estava agachado no canto do meu escritório pensando, “Mas que m***** eu vou fazer?”.

Então David e Matt entraram e a BBC estava esperando pela minha grande ideia. Eu me lembro de dizer para Marcus Wilson [produtor]: “E se houvesse uma encarnação do Doctor que nenhum de nós soubesse? E, coincidentemente, ele fosse interpretado pelo ator mais famoso do mundo? Especialmente alguém que poderia ser escalado como o Doctor durante o longo hiatus. Por exemplo, John Hurt…”

RT: Sério, o nome dele passou pela sua cabeça de primeira?

SM: Sim, porque o Doctor dele tinha de estar abatido pela batalha, um homem muito cansado da Guerra do Tempo.

RT: Ele não disse algo como “Eu recebi o roteiro na sexta e estava no set na segunda”?

SM: Não foi tão rápido assim mas foi muito rápido. Ele estava no topo da nossa lista. Eu escrevi o roteiro de The War Doctor e nós o enviamos para John, supondo que aquele era o começo de duas frenéticas semanas, mandando o roteiro para todos os atores que você já ouviu falar. E – Deus o abençoe para sempre! – ele disse sim quase que imediatamente. Este foi o primeiro risco de sorte que nós tivemos naquele Especial.

E como ele foi bom! Um momento como o Doctor e ele arrasou. Ele totalmente entendeu o papel e foi adorável sobre estar lá. Eu não estava no set em seu último dia, mas ele fez um pequeno discurso e disse algo sobre: “Eu não quero que ninguém pense que eu estava apenas brincando. Isso significou mesmo algo para mim, ser o Doctor”. Ele foi bastante insistente, dizendo para mim e para os outros: “Então agora eu sou propriamente Doctor Who. Eu sou Doctor Who. Posso dizer isso?” Ele ama o fato de que ele é o Doctor Who. Apenas por ter passado três semanas em Cardiff, ele tem de ser Doctor Who.

RT: Você gosta de todas as eras do programa, não é?

SM: Eu tive uma Epifania nos Doctors dos anos 80. eu sempre amei Peter Davison. Eu acho ele adorável e eu não ligo se já sabem disso. E eu passei a gostar muito de Sylvester McCoy. O primeiro ano dele [1987] é um pouco desastroso, mas os outros dois são incríveis. O Doctor preferido do meu filho Louis, é Sylvester.

RT: Ele já chegou a conhecê-lo?

SM: Quando nós estávamos na festa de 50 anos, cercados pelos melhores, Louis agarrou meu braço e disse: “Pai, aquele é Sylvester McCoy?”, “Sim, é”. “Pai, posso conhecê-lo?” “Acho que posso fazer isso”. Depois, Louis disse “por favor, eu preciso conhecê-lo”. Então mandei uma mensagem para Sylvester perguntando se ele poderia conversar, “Meu filho quer te conhecer”. Isso fará você se apaixonar por Sylvester como o melhor Doctor.

Eu peguei Louis e, do outro lado do salão, Sylvester nos viu chegando. Ele levantou de um sofá – e ele não é um homem jovem – e ele estendeu sua bengala como o guarda-chuva do 7º Doctor e o agradeceu muito. Ele se tornou o 7º Doctor assim, num estalar de dedos, e eu não aguento mais ouvir uma palavra ruim sobre este Doctor.

A melhor parte foi conseguir com que Tom Baker fizesse uma participação especial no final do Especial. Como isso aconteceu? Tom Baker, isso era muito incrível. Aquela voz, que não mudou nada desde os anos 70, aqueles olhos aquele sorriso – tudo de volta para o set de Doctor Who. E todo mundo só estava lá, olhando. Como se todo aquele tempo de Doctor Who tivesse voltado. Eu não estava certo do que esperar, mas ele foi perfeito, apareceu com todos os seus negócios desordenados, e ele arrasou, cena após cena. Mágico. Eu posso dizer que eu realmente estava lá, o dia que Tom Baker voltou.

Esta entrevista foi publicada na Revista Radio Times de Novembro.
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Fonte: Radio Times

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