Review – Heaven Sent

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Esse episódio foi um daqueles que deixa a gente sem palavras, olhando pro teclado sem saber o que dizer… Só sentir. Heaven Sent, escrito por Steven Moffat, é um episódio que achei filosófico sobre o próprio Doctor em toda a sua duração. Descobrimos partes dele que são raramente expressadas, toda a sua vulnerabilidade, e por isso se tornou um episódio muito especial. Se me permitem dizer, este  foi para a lista dos meus favoritos, e com muito mérito.

O Doctor saí de uma cabine de teletransporte em um local que lembra bastante um castelo medieval. Há areia no chão, televisões para todo lado e um clima bem sombrio no ar. Enquanto ele procura por pistas de onde pode estar, percebe que está sendo assistido e não está sozinho. O monstro que está com ele é uma representação da Morte, acho que isso muita gente percebeu. Enquanto o Doctor foge da criatura, percebemos duas coisas: o castelo muda de lugar (tipo as escadas de Hogwarts, em Harry Potter) e, sempre que o Doctor diz uma verdade, a Morte para e o deixa em paz por um tempo. O que está projetado no castelo são os medos do Doctor, o que o faz entender que aquele lugar é uma câmara de tortura feita especialmente para ele.

O Doctor encontra uma mensagem em uma sepultura: “Eu estou no quarto 12”. Ele começa a traçar armadilhas para enganar o monstro e ganhar tempo para encontrar o quarto, que é apenas um beco sem saída. Retornando para a sala de teletransporte, descobrimos que há um crânio na areia jogado ao lado de uma mensagem, dizendo Bird. Uma escadaria aparece, Doctor sobe numa torre e começa a analisar as estrelas e supões que viajou 7 mil anos no tempo.

A Morte o encontra e é como se o Doctor soubesse porquê está sendo interrogado. É respostas sobre o Híbrido que ela quer. Os Senhores do Tempo sabiam que a Guerra estava por vir e começaram a surgir histórias de que o Híbrido, que teria também origem Dalek, traria a paz para alguns e o caos para outros. Não se sabia se essa história era real, mas o Doctor garantiu que sabia o que o Híbrido existia. De brinde, o quarto 12 foi “desbloqueado”, revelando uma parede enorme construída com Azbantium, que é muito mais resistente do que o diamante. A parede é a porta de saída. A única maneira que o Doctor encontra de quebrá-la é usando todas as técnicas de Street Fighter que ele conhece e começa a socar a parede.

Ele entendeu que a Bird é uma referência à um conto dos irmãos Grimm, “The Shepherd Boy” (em português, O Pastorzinho). A Morte finalmente consegue tocar o rosto do Doctor, o queimando e deixando a gente num estado de desespero. Por não ter se regenerado imediatamente – às vezes a regeneração leva tempo-, ele volta para a sala de teletransporte e diz que há uma versão sua salva exatamente da mesma forma em que chegou ali. Para conseguir criar uma cópia de si mesmo, ele precisa de uma carga de energia muito forte, e é ele mesmo quem faz isso, desintegrando-se e criando um novo 12º Doctor. Se a história pareceu confusa até aqui, então é agora que as coisas vão começar a ficar mais claras.

O episódio todo é um ciclo vicioso. O Doctor não viajou, mas sim VIVEU esse tempo. Cada detalhe, até os mais banais, foram repetidos em todas as vezes que ele voltou à vida. Ele mandou a mensagem. Os crânios jogados no lago são todos do próprio Doctor, de todas as vezes que ele mesmo se clonou. E sabe aquela areia toda? São cinzas. O ciclo se repete por bilhões de anos e só acaba quando o Doctor finalmente consegue quebrar a parede e abrir o portal. O lugar onde ele estava preso era o seu testamento (aquele que ele deu para a Missy no começo da temporada), que se reintegra novamente.

Se lembrarmos do segundo episódio da temporada, The Witch’s Familiar, Davros faz um estranho comentário sobre o Doctor ser metade Senhor do Tempo e metade Dalek? Não, o Doctor não é o Dalek, mas sim o Híbrido. E se lembram de Gallifrey? IT STANDS!

Um detalhe muito interessante no episódio foram os momentos me que o Doctor aparece na TARDIS, refletindo e conversando como se Clara ainda estivesse viva. Foi interessante poder se adentrar na mente dele, em seus pensamentos, e também ao jeito como ele trata Clara e pede sua opinião durante todo o episódio como se ela ainda estivesse ali, apenas vivendo mais uma aventura. Também houve a parte emocional, o choro, o desespero, o medo. O Doctor é sempre muito seguro de si, mesmo quando não sabe o que fazer, e não ter companhia nenhuma nos mostrou, talvez, como ele realmente se sente quando acha que tudo está perdido.

E mais uma vez, Peter Capaldi deu seu show de atuação! Ele foi praticamente o único a aparecer no episódio inteiro. Os diálogos não tinham respostas (além das palavras que ele troca com a Clara), as falas eram pensamentos altos e sentimentos, como se o Doctor estivesse falando em frente ao espelho o tempo todo. Nem por isso o episódio ficou chato, muito pelo contrário. Creio que por ter sido tão único e diferente, se tornou o melhor da temporada. Se o penúltimo episódio foi assim, é melhor começar a preparar o coração para a Season Finale. Aqui não tá nada bem.

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