Na Comic Con de Nova Iorque, o ator conversou sobre sua saída da série e as consequências disso.
Christopher Eccleston disse que sacrificou “um certo orgulho profissional” ao deixa Doctor Who, sugerindo que um ator precisa “fazer duas temporadas” para acertar a parte principal.
Eccleston subiu ao palco na Comic Con de Nova Iorque (NYCC) no dia 3 de outubro de 2019 e falou francamente sobre o motivo de ter deixado a ficção científica da BBC depois de uma única temporada, detalhando confrontos com membros da equipe de produção.
“Saí porque meu relacionamento com o showrunner [Russell T. Davies] e os produtores se rompeu – [era] a política da série”, ele disse. “Saí apenas por causa desses três indivíduos e pela maneira como eles dirigiam o programa. Eu amei interpretar o personagem e amei o mundo.”
“Essa é uma das razões pelas quais comecei a fazer essas convenções, para deixar isso claro: adorei fazer o Doutor”.
Ele continuou: “Eu pensei ‘vou interpretar o Doutor do meu jeito e não vou me envolver nessas políticas’… e isso não era viável, então fui embora”.
Eccleston passou a detalhar casos em que sentia que a equipe de Doctor Who não estava sendo tratada com respeito, revelando que isso levou a uma situação difícil no set.
“Por causa da minha formação, quando vou a um set, é muito importante para mim que todos sejam tratados com respeito, e é porque venho de uma classe de pessoas que tradicionalmente não são tratadas com respeito”, disse ele.
“Eu sempre olho para o diretor e o produtor… e se o diretor, por exemplo, trata mal um membro da equipe e depois vem falar comigo sobre minha performance, não tenho respeito por ele e não ouço ele e isso é difícil”.
“Certas coisas que aconteciam… Como ator, você está trabalhando com uma equipe e fica muito íntimo dela, então eu via situações que eu não gostava. A equipe, eu senti, poderia ter sido tratada melhor. Mas frequentemente sinto isso – é um ramo cruel.”
O ator detalhou no ano passado como sua saída de Doctor Who “quase destruiu” sua carreira, dizendo ao The Guardian que ele acabou entrando na “lista negra” da BBC.
Na NYCC, ele explicou: “Perdi toda a minha confiança como ator e pessoa por causa do que aconteceu com Doctor Who”, dizendo que “a imprensa sensacionalista” escreveu “mentiras… sobre eu trair Doctor Who e toda aquela porcaria”.
Assumir o papel de John Lennon no filme biográfico de 2010 da BBC Four, “Lennon Naked”, ajudou a restaurar a confiança do ator, explicou Eccleston. Revisitando agora seu desempenho como o Doutor, ele diz que há aspectos de sua performance que ele teria aprimorado se tivesse continuado por mais uma temporada.
“Se você realmente deseja que a sua performance como Doutor fique boa, precisa fazer duas temporadas”, disse ele. “Porque você precisa assistir à primeira temporada e calibrar, e dizer: ‘OK, isso funciona, isso funciona, isso não funciona, reduz o tom…’ e eu nunca tive a chance de fazer isso, então havia algum orgulho profissional sacrificado por não fazer uma segunda temporada.”
Traduzido de: Radio Times
Ambientalista por formação, tradutora nas horas vagas, whovian carioca e viciada em livros, filmes e séries. Fã de ficção científica, especialmente quando envolve viagem no tempo.
